terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ruptura do Euro (parte 3/3)

Se não ficou claro, meus argumentos sob a viabilidade do Euro são quantitativos e não qualitativos. Se o problema não for grave o suficiente, no sentido de criar uma grande confusão, uma enorme queda do PIB, a União pode não ser ótima, mas se sustenta. Eu considero que as condições de Maastricht são fundamentais por evitarem este tipo de evento catastrófico. (Note que estou deliberadamente abandonando argumentos qualitativos, baseados somente em lógica pura. A Argentina nos mostrou que até um Currency Board pode ser quebrado).
Para evitar eventos economicamente catastróficos, o fundamental é evitar que alguém grande quebre. O Maastricht é necessário para que nenhum soberano atinja uma situação de endividamento que o leve a bancarrota. Se a Itália acabar dando o calote você vai ver do que estou falando.
Em contraste, caso agentes privados (pequenos) se endividem e quebrem, não há problema algum. Por isso eu dei exemplos do meu vizinho no post anterior. Generalizando um pouco, se a Alemanha tem um imenso superávit comercial com a Grécia, mas este é devido a milhares de transações privadas, entre diferentes filósofos alemães e filósofos gregos, não vejo porque me preocupar.
Talvez você tenha se lembrado dos bancos grandes, aqueles que se quebrarem têm consequências sistêmicas para o sistema financeiro. É verdade, eles podem causar um evento economicamente catastrófico. Por sinal, eu me lembro de um desses, há nem tanto tempo atrás. Mas tenho certeza que você concorda comigo que não teve nada a ver com o fato dos EUA serem uma União monetária.
Mas chega de nhê, nhê, nhê. Eu volto amanhã com algo mais prático.

2 comentários:

  1. Professor, você precisa estudar mais história...

    Eu me preocupo com transações entre privados quando por trás delas tem moral hazard. O filósofo alemão emprestou para seu amigo grego aos montes em parte porque ele achou que a "Europa" salvaria ele se desse Merda. Os desequilíbrios de balanço de pagtos atingiram níveis subotimos pois quando tem moral hazard nao vale o primeiro teorema do bem-estar.

    Vai ler o Mas-Collel, vai.

    Abraços!

    O CESG

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  2. Caro professor,

    Primeiramente, não se deixe abalar por escárnios e mal dizeres de blogueiros concorrentes, que atualizam seus sítios virtuais apenas quinzenalmente, e que claramente têm a finalidade de sabotar este promissor e frutífero espaço.

    Em dito isso, gostaria de um esclarecimento maior sobre Espanha e Irlanda, que foram os melhores alunos de Maastricht e estão encabeçando a lista de países com maior estímulo para deixar o euro. Estes não são a prova viva que Maastricht não garante nada?

    Outra coisa: A Mirian Leitão apontou que há equilíbrios múltiplos no atual jogo dinâmico da união monetária. Ela aparentemente destacou que, partindo-se do atual equilíbrio, impor Maastricht poderia aprofundar a recessão e consolidar a situação de insolvência de países já endividados (ela usou o termo insolvência para dívida soberana, paciência). Como vc analisa esse ponto?
    Abs,
    Fernando

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