sábado, 10 de dezembro de 2011

Cenários para a Crise após Summit

Com o usual caveat de simplificar demais, estou considerando os seguintes cenários:

1) As propostas para o curto prazo do encontro não são implementadas. A Itália tenta, sem êxito, rolar a dívida. O risco de descontinuidade (calote desordenado) volta, com força total.
Probabilidade = 1%. Não porque a Itália terá acesso aos mercados, mas porque a liderança europeia e o Banco Central Europeu (ECB) não deixariam isso acontecer, ao menos agora.


2) O ECB sente-se confortável o suficiente para começar a comprar a dívida italiana, ao poucos, mas con gusto. Se ele comprar $20 bi por semana (atualmente tem comprando uns $10 bi), no final de um ano já vai ter $1 tri no balanço, que é metade da dívida total. Veremos o balanço do ECB crescendo e, em algum momento, os juros da Itália caindo (no mercado secundário). A dívida seria efetivamente monetizada, e a “crise” teria acabado. (i.e., não haveria mais risco de descontinuidade).
Probabilidade = 1%. Não acho que o Super Mário Draghi seja assim tão super.


3) A Itália terá ajuda para rolar a dívida no próximo ano, com ajuda e envolvimento metodológico do FMI. No mercado secundário, os juros da dívida italiana continuam elevados (em torno de 6%). Com isso, a Itália ficará “sob pressão”, sendo forçada a realizar brutal arrocho fiscal. Terá um ano muito duro pela frente, em que os aumentos de impostos amplificarão a recessão econômica. Desemprego crescente, manifestações públicas, greves, dificuldades políticas farão parte do roteiro. A menos de muita sorte, a dívida italiana continuará subindo (como proporção do PIB), e sua insustentabilidade ficará cada vez mais evidente.
Probabilidade = 98%. Parece meio maquiavélico (esse foi o termo que o Edu Weber usou), mas concordo com ele que a Alemanha está deliberadamente escolhendo essa opção. Ela parece ser, aos olhos germânicos, a mais justa, ao menos por ora.

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