terça-feira, 13 de dezembro de 2011

De olho nos juros italianos

Tive curiosa empatia com o Ibrahim num papo recente. Ambos acordamos, ainda sonolentos esticamos o braço para pegar o celular, e abrimos a página de títulos públicos da Bloomberg para ver o juro do título de 10 anos da Itália, ansiosos para ver se o mundo já acabou. Imagino que há muitos de nós pelo mundo. Se você ainda não é um, acho que deve se juntar a nós.
Mesmo após as últimas novas, mantenho minha cabeça no cenário de 98% de probabilidade, em que os juros italianos ficarão elevados, e levarão a piora da sustentabilidade da dívida pública daquele país. Quero elaborar um pouco nesse ponto.
Todo mundo sabe que juros altos implicam em serviço da dívida elevados, e assim pior condição de sustentabilidade. O que é menos óbvio são as consequências dos juros para o crescimento econômico. Por que juros elevados, devido a risco do soberano, atrapalham o sistema produtivo? Por que as empresas não pegam seu dinheiro emprestado na Alemanha, onde os juros são baixos?
A razão é que há um contágio do risco do soberano para as empresas. A lógica é que se o soberano der um calote na dívida, e optar por adotar uma nova moeda bem mais depreciada, várias empresas daquele país também quebrarão. Assim, o risco dessas empresas, e as taxas de juros delas cobradas, também sobem. Com isso, a menos de que elas já estejam quebradas, a tendência é que esse aumento de custo leve a redução da produção.
Minha observação é relevante, acho eu, porque ela sugere que a solvência da Itália é pior do que se pensa caso os juros não cedam. Por outro lado, se os juros cederem, eu vou acordar pronto para aumentar minha alocação a risco.
No próximo, porque eu deixei de olhar para a TED Spread.

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