Ainda com jet lag (i.e., tentando limpar a mesa de todo trabalho acumulado), mas não resisto a notar o que está acontecendo com a crise europeia. Na figura, os juros para diferentes maturidades da divida soberana da Itália (linha negra corresponde aos papéis dez anos, a laranja aos de cinco anos, a vermelha aos de dois e a azul aos de um).
Note como nas últimas duas semanas os juros curtos estão desabando. Três possibilidades:
1) Havia múltiplos equilíbrios, e estamos voltando para o bom equilíbrio (não houve nenhum evento verdadeiro).
2) O mercado está errado, entrou num otimismo e deixou de precificar corretamente a probabilidade de calote da Itália.
3) O Banco Central Europeu, através da LTRO (empréstimos de longo prazo aos bancos, aceitando qualquer colateral) está fazendo um salvamento (bailout) implícito.
A minha favorita é a terceira. Depois elaboro.
A lição do Euro? Num sistema fiduciário, abrir mão da emissão monetária não é uma estratégia razoável. Você conhece, o artigo de Milton Friedman de 1948 - Um arcabouço para politica fiscal e monetária? Creio que é a melhor peça de política econômica. Pena que Milton Friedman tenha optado pelo "monetarismo".
ResponderExcluirO LTRO resolveu o problema de liquidez dos bancos e deu sinal verde para um mega carry trade. Creio que o próximo passo é botar os juros da Itália perto do nível que está a Espanha, que não é baixo, mas cabe em uma conta relativamente generosa de sustentabilidade da dívida. Por esse lado, creio, a solução para a crise européia está encomendada. Infelizmente não é o único a ser endereçado.
ResponderExcluirFábio, o que houve com o outro blog? Eles pelo menos podiam dizer que foi fechado por discordância com o patronato...
ResponderExcluirParabéns pelo blog, e por favor continue iluminando a paisagem nacional com pensamentos arejados e úteis.
Trocar esse azul por outra cor também ajudaria...
Abração.
Chutando a Lata: vc tem esse paper do Friedman?
ResponderExcluirDrunkeynesian: concordo contigo; quais outros pontos vc considera que devem ser endereçados?
Gerson: o fim do outro blog me pegou de surpresa...vivendo e aprendendo...de que azul vc está falando, da letra (ruim para ler?) ou da tela (é feio) ?
Abraços e obrigado, fk
Acho que, resolvido o problema da dívida (e isso vale também para EUA e UK), o grande desafio vai ser evitar uma "japanização", i.e., incorrer em um cenário de baixo crescimento e empresas (sobretudo bancos) zumbis. No caso específico da Europa, creio que não vai ser trivial a implementação / validação da população da estratégia de disciplina fiscal; ainda não consegui conceber um cenário em que a periferia volte a ficar competitiva sem desvalorização da moeda.
ResponderExcluirVi agora o post sobre o LTRO. Moral hazard rules... se eu fosse banqueiro europeu e tivesse poucas considerações morais, compraria o que pudesse em títulos longos da Itália.
Segue confiante que a Grécia vai pagar?
Prezado Fábio, só tenho o paper em papel. Você poderá encontra-lo no JSTOR - A monetary and Fiscal Framework for economic stability - American Economic Review, Vol.38, No 3 (jun 1948), pp, 245-264. Este artigo foi publicado também no livro Essays in positive Economics, 1953 - Milton Friedman.
ResponderExcluirabraços
Marco B