sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Bailout?

Ainda com jet lag (i.e., tentando limpar a mesa de todo trabalho acumulado), mas não resisto a notar o que está acontecendo com a crise europeia. Na figura, os juros para diferentes maturidades da divida soberana da Itália (linha negra corresponde aos papéis dez anos, a laranja aos de cinco anos, a vermelha aos de dois e a azul aos de um).
Note como nas últimas duas semanas os juros curtos estão desabando. Três possibilidades:
1)      Havia múltiplos equilíbrios, e estamos voltando para o bom equilíbrio (não houve nenhum evento verdadeiro).
2)      O mercado está errado, entrou num otimismo e deixou de precificar corretamente a probabilidade de calote da Itália.
3)      O Banco Central Europeu, através da LTRO (empréstimos de longo prazo aos bancos, aceitando qualquer colateral) está fazendo um salvamento (bailout) implícito.
A minha favorita é a terceira. Depois elaboro.


6 comentários:

  1. A lição do Euro? Num sistema fiduciário, abrir mão da emissão monetária não é uma estratégia razoável. Você conhece, o artigo de Milton Friedman de 1948 - Um arcabouço para politica fiscal e monetária? Creio que é a melhor peça de política econômica. Pena que Milton Friedman tenha optado pelo "monetarismo".

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  2. O LTRO resolveu o problema de liquidez dos bancos e deu sinal verde para um mega carry trade. Creio que o próximo passo é botar os juros da Itália perto do nível que está a Espanha, que não é baixo, mas cabe em uma conta relativamente generosa de sustentabilidade da dívida. Por esse lado, creio, a solução para a crise européia está encomendada. Infelizmente não é o único a ser endereçado.

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  3. Fábio, o que houve com o outro blog? Eles pelo menos podiam dizer que foi fechado por discordância com o patronato...

    Parabéns pelo blog, e por favor continue iluminando a paisagem nacional com pensamentos arejados e úteis.

    Trocar esse azul por outra cor também ajudaria...

    Abração.

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  4. Chutando a Lata: vc tem esse paper do Friedman?

    Drunkeynesian: concordo contigo; quais outros pontos vc considera que devem ser endereçados?

    Gerson: o fim do outro blog me pegou de surpresa...vivendo e aprendendo...de que azul vc está falando, da letra (ruim para ler?) ou da tela (é feio) ?

    Abraços e obrigado, fk

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  5. Acho que, resolvido o problema da dívida (e isso vale também para EUA e UK), o grande desafio vai ser evitar uma "japanização", i.e., incorrer em um cenário de baixo crescimento e empresas (sobretudo bancos) zumbis. No caso específico da Europa, creio que não vai ser trivial a implementação / validação da população da estratégia de disciplina fiscal; ainda não consegui conceber um cenário em que a periferia volte a ficar competitiva sem desvalorização da moeda.

    Vi agora o post sobre o LTRO. Moral hazard rules... se eu fosse banqueiro europeu e tivesse poucas considerações morais, compraria o que pudesse em títulos longos da Itália.

    Segue confiante que a Grécia vai pagar?

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  6. Prezado Fábio, só tenho o paper em papel. Você poderá encontra-lo no JSTOR - A monetary and Fiscal Framework for economic stability - American Economic Review, Vol.38, No 3 (jun 1948), pp, 245-264. Este artigo foi publicado também no livro Essays in positive Economics, 1953 - Milton Friedman.

    abraços

    Marco B

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